segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Artigo: ÁGUA e ÓLEO

Água e Óleo - artigo Bolema

Críticas referente a pesquisa/artigos do Prof. Dr. Pedro Paulo Scandiuzzi


Prof. Dr. Pedro Paulo Scandiuzzi
Possui graduação em Licenciatura Em Matemática pela UNESP (1973) , especialização em em Educação Matemática pela Faculdade de Filosofica Ciências e Letras de Votuporanga (1974) , mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1997) , doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000) e aperfeicoamento em em Matemática pela Faculdade de Filosofica Ciências e Letras de Votuporanga (1975) . Atualmente é assistente doutor da UNESP. Tem experiência na área de Educação , com ênfase em Tópicos Específicos de Educação. Atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Indígena, Educação Matemática, Educação, Etnomatemática



As leituras da dissertação, tese e alguns artigos do professor Dr. Pedro Paulo Scandiuzzi permitiram ampliar o meu conhecimento com relação a etnomatemática, refletir sobre a minha prática e sobre a escola. Aproveito este espaço para destacar alguns trechos e registrar meus questionamentos.
A etnomatemática encontra muitas barrreiras nas escolas, pois tudo que é novo “assusta” então é melhor ignorar. Acredito que quando os professores de matemática perceberem a riqueza da etnomatemática teremos uma nova educação matemática.
Scandiuzzi(1997) foi em busca de respostas para seus questionamentos e foi a universidade para escrever de modo acadêmico, os resultados obtidos.
E nós educadores matemáticos, o que estamos fazendo? Paramos para pensar na nossa prática? Fazemos questionamentos, ou aceitamos tudo o que é imposto?
Segundo Scandiuzzi(1997) precisamos valorizar a capacidade que o ser humano tem de observar, relacionar, classificar, nomear, diferenciar, transmitir, explicar, compreender, interpretar, contar, selecionar, entre outros, no meio social, histórico e cultural que lhe é próprio – conhecimento matemático. As pessoas desenvolvem suas potencialidades no contato diário, e este é dinâmico e desafiador e que cabe ao educador ajudar as pessoas para que os choques culturais provenientes não sejam tão brutais e assimétricos.
Scandiuzzi(1997)afirma que os povos indígenas tem muito a nos ensinar. A matemática está em construção e depende da realidade de cada indivíduo e de seu meio para que seu aprendizado desenvolva.
Scandiuzzi (2000) destaca que para se estabelecer um diálogo com novas culturas, é preciso respeito, solidariedade e cooperação. Não se deve fazer a escola entrar na educação indígena, mas sim conseguir que a educação indígena entre na escola e nela permaneça. Os povos indígenas possuem e sempre possuíram suas próprias pedagogias. Precisamos olhar para o indivíduo integral, pois segundo Scandiuzzi(2009) educar matematicamente é desenvolver no diálogo simétrico formas de um diálogo franco, aberto, que exigirá do educador e do educando um crescer no conhecimento da arte ou da técnica de explicar, de compreender, de entender, de interpretar, de relacionar, de manejar e lidar com o entorno sociocultural, para se estabelecer um diálogo com novas culturas, é preciso respeito, solidariedade e cooperação.Respeito as diferenças dos povos indígenas. Não se deve fazer a escola entrar na educação indígena, mas sim conseguir que a educação indígena entre na escola e nela permaneça. Os povos indígenas possuem e sempre possuíram suas próprias pedagogias. E nossos alunos estão trazendo contribuições para as aulas? Ou estamos sufocando-os?
Scandiuzzi (2009) mostra na sua pesquisa que as crianças indígenas aprendem desde cedo a observar os mais velhos. Prestar atenção é uma das características básicas do aprendiz na educação indígena. A observação constante faz parte da vida diária. E assim envolve todas as disciplinas que são necessárias ao saber curioso e atento daquele que quer aprender. Nossos alunos são curiosos? Prestam atenção na aula? Observam a matemática no dia-a-dia?
Para acontecer de fato o saber/fazer assim como as crianças nossos alunos precisam ser atentos e curiosos. Assim o professor não é mais aquele que detém o saber, o poder, o conhecimento. Segundo o autor o professor é uma pessoa que interage com um grupo que detém um saber diferenciado do dele, e através do diálogo, o conhecimento é produzido nas duas direções, educando livre para escolher o seu caminho, dentro das curiosidades e desejos que o façam ir a busca de mais conhecimentos.
Scandiuzzi(1997), o educador prepara seus educandos não para a reprodução e sim para que o aluno caminhe sozinho e se desenvolva de fato. O Professor precisa aproveitar as relações matemáticas que estão presentes no cotidiano e deve excluir toda auto-suficiência, dialogar com igualdade, aceitar a diferença e a alteridade, deixar que seja o outro que se defina aceitando a autoleitura a partir da própria identidade.
Segundo Scandiuzzi (2000) a sugestão do programa etnomatemático, é aceitar a pluralidade cultural e o direito de manejar, de maneira autônoma, os recursos de sua cultura, permitindo assim que os povos indígenas decidam seu futuro de acordo com os seus interesses e suas aspirações. O pesquisador estuda a matemática do grupo sem interferir no seu conteúdo.
O programa da etnomatemática reconhece, aceita e valoriza os diversos grupos culturalmente diferenciados que se relacionam transculturalmente.


Scandiuzzi(2005) observou que as crianças indígenas aprendem desde cedo a observar os mais velhos e prestar atenção é uma das características básicas do aprendiz na educação indígena. E assim envolve todas as disciplinas que são necessárias ao saber curioso e atento daquele que quer aprender. Sendo assim o professor não é mais aquele que detém o saber, o poder, o conhecimento. Ele é uma pessoa que interage com um grupo que detém um saber diferenciado do dele, e através do diálogo, o conhecimento é produzido nas duas direções. Educando livre para escolher o seu caminho, dentro das curiosidades e desejos que o façam ir a busca de mais conhecimentos. Educar matematicamente será desenvolver, neste diálogo simétrico, formas de um diálogo franco, aberto, que exigirá do educador e do educando um crescer no conhecimento da arte ou técnica de explicar, de compreender, de entender, de interpretar, de relacionar, de manejar e lidar com o entorno sociocultural.


Considerações Finais

A etnomatemática é um “tesouro” da Educação Matemática, o qual está aos poucos sendo descoberto pelos educadores.
Ao ler a dissertação, a tese e os artigos do professor doutor Scandiuzzi, percebi a grandiosidade desse tema e só posso afirmar que se nós educadores queremos realmente que nossos alunos sejam atentos, curiosos nas aulas de matemática precisamos estudar a etnomatemática e assim envolvê-la nas nossas aulas. Diante dessas minhas novas descobertas não encontrei críticas negativas e durante o texto destaquei os pontos positivos que me chamaram a atenção e me fizeram a refletir sobre a minha prática durante todo a leitura.

(Mestranda Maria Angela de O. OLiveira- Unesp-Rio Claro )



Referências:

BICUDO, M.A.V. BORBA, M. C. (orgs) Educação Matemática: pesquisa em movimento. São Paulo, Cortez, 2005.

SCANDIUZZI, P.P. A dinâmica da contagem de Lahatua Otomo e suas implicações educacionais: uma pesquisa em etnomatemática. Dissertação de Mestrado. Unicamp. Faculdade de Educação. 1997

SCANDIUZZI, P.P. Educação Indígena x Educação Escolar Indígena: Uma Relação Etnocida em uma Pesquisa Etnomatemática. Tese de Doutorado. UNESP, 2000

SCANDIUZZI, PP. Etnomatemática. Revista Educação. AnoXXV, Nº 47. p.127-138.junho2002. Porto Alegre.
SCANDIUZZI, P.P. Educação Indígena x Educação Escolar Indígena: Uma Relação Etnocida em uma Pesquisa Etnomatemática. São Paulo. Editora UNESP, 2009

ARTIGOS - comentários e questionamentos




Entre a poesia e o raio x: uma introdução à tendência pós-moderna na antropologia
Vagner Gonçalves da Silva – p.145-158


O autor destaca que sendo a antropologia uma ciência formada a partir do contato entre culturas diferentes, os problemas relacionados aos modos como os homens conhecem o mundo e a si mesmo – função máxima da cultura-, sempre ocuparam um lugar central nessa disciplina. Mas foi sobretudo com o surgimento da antropologia interpretativa, a partir dos anos de 1970, na qual o conceito semiótico de cultura ganhou densidade, que certas questões passaram a fazer parte constitutiva do trabalho etnográfico, preparando, inclusive, o terreno para o desenvolvimento das críticas dos pós-modernos.
Fora dos muros da academia, os contextos social e político da segunda metade do século XX também desempenharam papel importante no processo de surgimento da antropologia pós-moderna. As revoltas estudantis, a luta pelos direitos civis ou pelo direito as diferenças, pelo controle da força militar entre nações, a contracultura, enfim inúmeros movimentos sociais provocaram profundo questionamentos sobre os modos pelos quais grupos, sociedades e estados se relacionavam, seja nos macroespaços do cenário mundial, seja nas microrelações locais.

1) E nós alunos, professores do século XXI, como estamos reagindo ao “poder”, as diferenças? Muitos de nós nascemos no momento das revoltas estudantis e crescemos em plena didatura militar, ouvindo que tudo era proibido... Questionar em sala de aula... jamais... os bons alunos eram aqueles que faziam/repetiam tudo o que o professor ensinava. Alunos “indisciplinados” eram punidos. Atualmente incentivamos nossos alunos a serem críticos? A lutarem pelos seus direitos? A serem autônomos? A respeitarem o outro? Como estamos trabalhando com as diversidades em sala de aula?

Segundo o autor há um paradoxo inerente à prática etnográfica quando se pede ao antropólogo que utilize os recursos disponíveis de sua sensibilidade para introjetar em si mesmo os significados da cultura que investiga, e por, outro lado, em nome da objetividade e das formas legítimas de representação acadêmica, pede-se que esta experiência seja colocada sobre padrões que em geral deixam de lado importantes dimensões desses significados. Mesmo que os antropólogos estejam conscientes de que os fatos não falam por si mesmos, as etnografias pretendem que os documentos apresentados, as descrições, possam ser referidos como “fatos brutos”, não contaminados pelo uso interpretativo que se quer fazer deles. Como se a própria descrição, ou os elementos com os quais a compomos, já não fosse em si mesma uma forma de interpretação da realidade.
Pensando na educação... estou chegando a conclusão que o professor além de educador precisa ser um pouco antropólogo, pois não podemos ignorar as culturas de nossos alunos. E sendo antropólogo o professor deve utilizar a etnografia, descrevendo... documentando os acontecimentos de ensino-aprendizagem na sala de aula.

2) Os cursos de formação de professores estão preocupados com a diversidade de culturas nas salas de aula? Atualmente encontramos a disciplina de Etnomatemática nos cursos de licenciatura?

Encerro esse comentário com as palavras do autor:
“ Todo texto etnográfico é resultado não apenas de um processo de observação, mas sustenta-se por meio de alianças, explicitas ou não, que se estabelecem entre o pesquisador e o grupo, as quais possibilitam a real aproximação entre ambos”.

3) E não é dessa aproximação – professor(pesquisador) e alunos (grupo) – que a educação está precisando?



REVISITANDO O PÓS-MODERNO
- Eduardo F. Coutinho –
O Pós-modernismo – p. 159-172

Segundo o autor, qualquer que tenha sido o inicio da modernidade, fato é que o termo abrange um período multissecular, marcado por estilos tão diversos quanto, por vezes, até antagônicos, e que talvez encontra o seu ponto culminante com o apogeu da civilização burguesa no século XIX e a construção das grandes utopias que dominaram o homem da primeira metade do século XX, acompanhada por avanços técnico-científicos e pela corrida para a industrialização.
Nessa sociedade de consumo do capitalismo, a mercadoria passa a reger todos os aspectos da cultura: a representação, o conhecimento e a informação tornam-se mercadorias, a propaganda se torna um sinal dos tempos e o universo artístico transforma-se num mercado.

4) Quando lemos que o conhecimento torna-se mercadoria, vem a mente as escolas particulares com suas propagandas e preços cada vez mais elevado. Como inverter essa situação? Pois na década de 70/80 as escolas públicas eram as melhores e só estudava nas escolas particulares quem queria ser aprovado.

Na América Latina, o debate sobre o pós-modernismo chegou nos anos de 1980, trazendo a tona a indagação sobre a possibilidade de se considerar a produção surgida no continente na segunda metade do século XX como pós-moderna e dividindo a critica em duas posições extremas. Portanto de um lado situam-se os críticos que, baseados em teóricos euro-norte-americanos que consideram Borges ou Garcia como pontos de referência do movimento, vêem a América Latina inclusive como uma espécie de berço do pós-modernismo, e de outro aqueles que, denunciando o conceito como alienígena, como mais uma importação do meio acadêmico primeiro-mundista, e vendo naqueles que o empregam uma postura etnocêntrica, rejeitam o uso do termo com relação à literatura e as artes latino-americanas.
O modernismo brasileiro e seus equivalentes hispano-americanos apresentaram uma feição própria, que os distinguiu do movimento anglo-americano, sendo essa feição resultante das circunstâncias histórico-culturais em que eles emergiram e frutificaram. Num contexto neocolonizado, de forte dependência econômica, com diferenças sociais acentuadas e dose elevada de miséria, a revolta contra a cultura oficial, comum a grande maioria da produção estético-literária ocidental da primeira metade do século XX, não pode deixar de fazer-se acompanhar de um processo antropofágico de assimilação seletiva, no qual se expurgava a tradição autoritária, de teor colonialista e centralizador, mas se valorizava a tradição popular em suas faces múltiplas e regionais.
5) O que vemos em destaque atualmente a tradição autoritária ou a tradição popular?


Prácticas espaciales:El trabajo de campo, El viaje y La disciplina de La antropologia - Clifford – Itinerários transculturales –p.71-120

Segundo Clifford, o trabalho de campo representou algo específico dentro dos métodos sociológicos e etnográficos que muitas vezes se sobrepõe: uma reunião de investigação particularmente profundo, amplo e interativo. Isto, naturalmente, é o ideal. Na prática, o critério de “profundidade” no trabalho de campo têm variado, assim como ambas as experiências reais de investigação.
6) Atualmente como tem acontecido o trabalho de campo antropológico?
Segundo o autor, o trabalho de equipe e a investigação a longo prazo são praticados de diversas maneiras em diferentes localizações. Em todos os casos, o trabalho de campo antropológico está exigindo algo a mais do que passar pelo lugar. É preciso algo mais do que realizar entrevista e escrever periódicos. É preciso ampliar as atividades, em forma de colaboração, investigação e interação.
O autor afirma também que todo conhecimento é interdisciplinar. Por isso as disciplinas se definem e redefinem interativamente e competitivamente.
Mais uma vez destaco que o professor precisa atuar como os antropólogos, pois se o conhecimento é interdisciplinar a escola é o local ideal para se trabalhar com a interdisciplinaridade.
7) Como podemos obter colaboração, investigação e interação dentro da escola? Como podemos iniciar nosso trabalho de antropologia dentro da sala de aula?

Etnomatemática



Segundo Sebastiani (1987) em toda sociedade, a atividade matemática deveria ser reconhecida e preservada como parte integrante da cultura, e o currículo escolar deveria refletir o pensamento de um povo. A etnomatemática, como um método de ensino, responde mais de perto a essas preocupações, pois relacionar o contexto sociocultural e ambiental com a disciplina, faz parte da teoria Etnomatemática.
ETNOMATEMÁTICA
Como trazer o conhecimento étnico para as aulas de matemática?
Sebastiani (1987) destaca que o conhecimento da realidade social, política e econômica onde a escola está inserida é o primeiro passo; a etnografia de um tema específico deve então acompanhar o conhecimento da realidade como um todo, não se deixando restringir somente a esse tema. Por outro lado, a codificação do conhecimento étnico nem sempre é feita da mesma maneira que o é na ciência institucional. Então uma pesquisa em etnomatemática tem que procurar essas codificações nas construções de casas, jogos infantis, histórias e mesmo nas manifestações religiosas. Seguem a etnologia – ou seja, análise da pesquisa feita – e a modelagem matemática para procura da solução, de soluções ou de não solução. Aqui aparece o professor, transmissor de técnicas e estratégias que visam a solução. Ele por conseguinte, deve estar consciente de qual solução matemática será mais abrangente para tal modelagem, e também, de qual conhecimento matemático está ao nível dos estudantes a que se destina. Segundo o autor, não existe uma matemática, mas cada sociedade constrói a sua matemática.
Sebastiani (1995) afirma que o estudo da “Matemática-materna” (Etnomatemática) dos povos indígenas pode contribuir na educação matemática dos não-índios, pois mostra como a matemática é uma ciência construída pelo homem, sem verdades absolutas e temporal; a construção deste conhecimento é fruto de um meio social e tem reflexos dele a todo momento; a valorização do saber indígena faz com que os não-índios entendam melhor a sua cultura e respeite os construtores de qualquer cultura; ver a matemática inserida numa cultura, com significado, faz com que o processo de aprendizagem seja também significativo e cria o sentido crítico deste saber.
É preciso chegar à escola a concepção de uma matemática construída pelo homem, imperfeita e sem verdades universais, uma matemática sendo construída passo-a-passo, dentro de realidades sociais de cada época, e é isso que a matemática dos povos indígenas nos mostram.
Nossa geração foi educada que a matemática trazia a verdade absoluta e não podíamos questionar.
Hoje podemos ajudar nossos alunos a ver a matemática de maneira mais crítica e com sentido, sem verdades universais.

sábado, 12 de setembro de 2009

ETNOGRAFIA, ETNOLOGIA, ANTROPOLOGIA




Etnografia, Etnologia e Antropologia

Segundo Balandier(1977) os três termos são muitas vezes empregados em convergente sentido quando na verdade se trata de campos bem diferenciados.
De acordo com o dicionário da língua portuguesa (Academia Brasileira de Letra, 2008):

Etnografia – Estudo e registro descritivo de uma cultura ou de um aspecto cultural de uma etnia.
Etnologia – Estudo comparativo de várias culturas a partir de dados apresentados pela etnografia. Estudos das culturas indígenas.

Antropologia – Ciência que estuda o ser humano em seus aspectos biológicos e sociais.
Balandier(1977) destaca que o meio de expressão da etnografia é, por excelência, a monografia, juntando e classificando os materiais recolhidos. Procurando constituir uma coleção de tipos sociais e culturas, tal como a história natural inventaria, exaustivamente as espécies vegetais e animais. Neste sentido, o museu etnográfico representa um prolongamento indispensável às investigações realizadas. O autor destaca ainda que a etnografia corresponde a uma primeira e necessária fase: os mestres, apesar da diversidade dos seus interesses e de suas opiniões teóricas, impõem aos investigadores principiantes a obrigação de trabalharem no próprio terreno e descreverem o grupo e a cultura abordados.
Já a etnologia constitui uma segunda etapa, sem excluir a observação direta, tende para a síntese e não pode contentar-se unicamente com os materiais recolhidos em primeira mão. Esta síntese, segundo Strauss, (apud Balandier,1977,p. 148), pode operar-se em três direções: geográficas, se quer integrar conhecimentos relativos a grupos vizinhos; histórica, se tem o objetivo de reconstituir o passado de uma ou mais populações; sistemática, finalmente, se isola, para lhe consagrar particular atenção, um tipo de técnica, de costume ou de instituição. As preocupações histórico-geográficas são, em geral, predominantes nos limites desta disciplina: dizem respeito às origens, aos centros e às vias de difusão.
A antropologia é uma ciência social surgida no século XVIII. Porém, foi somente no século XIX que se organizou como disciplina científica. A palavra tem o seguinte significado: antropo = homem e logia = estudo. Esta ciência estuda, principalmente, os costumes, crenças, hábitos e aspectos físicos dos diferentes povos que habitaram e habitam o planeta. Portanto, os antropólogos estudam a diversidade cultural dos povos. A estrutura física e a evolução da espécie humana também fazem parte dos temas analisados pela antropologia. Os antropólogos utilizam, como fontes de pesquisa, os livros, imagens, objetos, depoimentos entre outras.Porém, as observações, através da vivência entre os povos ou comunidades estudadas, são comuns e fornecem muitas informações úteis ao antropólogo.
Segundo Strauss, (apud Balandier,1977,p. 150) a antropologia tem por objetivo um conhecimento global do homem, abarcando o que lhe diz respeito em toda a sua extensão histórica e geográfica, aspirando um conhecimento aplicável ao conjunto do desenvolvimento humano desde os homens primatas até as raças modernas e tendendo a conclusões positivas ou negativas, mas validas para todas as sociedades humanas, desde a grande cidade moderna, a te a mais pequena tribo.
Segundo Balandier (1977) a antropologia, partindo do reconhecimento da diversidade das sociedades humanas, dos grupos e das culturas tem em vista um nível de generalidade onde todas as diferenças são abolidas sem terem sido explicadas previamente. Da mesma forma, depois de ter manifestado particular sensibilidade à evolução das sociedades e das culturas e de ter concedido, privilégio aos trabalhos de tipo histórico, procura expulsar a história, os conceitos de evolução e de revolução do campo das suas preocupações. Ambiciona cedo demais alcançar a base sobre a qual se supõe assentarem todos os edifícios sociais.
Peirano (1995) reflete sobre a história da antropologia, lembrando que a história não é apenas o passado perdido, mas inspiração para solucionar problemas presentes, porque estes já foram enfrentados antes e nem todas as soluções devidamente aproveitadas. Neste contexto, a autora retoma a questão da prática etnográfica em relação ao ensino da antropologia. Destacando que a obra de um antropólogo não se desenvolve, portanto, linearmente; ela revela nuanças etnográfico-teóricas que resultam não apenas do tipo de escrita que sempre foi energizada pela experiência do campo, mas também do momento específico da carreira de um pesquisador em determinado contexto histórico e a partir de peculiaridades biográficas.
Peirano (1995) afirma que nem todo bom antropólogo é necessariamente um etnógrafo. Há aqueles mais inclinados e os menos atraídos para a pesquisa de campo. Mas todo bom antropólogo aprende e reconhece que é na sensibilidade para o confronto ou diálogo entre teorias acadêmicas e nativas que está o potencial de riqueza da antropologia. A autora então conclui que toda boa etnografia precisa ser tão rica que possa sustentar uma reanálise dos dados iniciais e essa reanálise de um corpo etnográfico é prova da adequação e qualidade da etnografia.
Cotidiano e cultura escolar

A sala de aula é “invadida” por diferentes grupos sociais e culturais.

Pérez Gómez (2001) propõe que entendamos hoje a escola como um espaço de “cruzamento de culturas”. Tal perspectiva exige que desenvolvamos um novo olhar, uma nova postura, e que sejamos capazes de identificar as diferentes culturas que se entrelaçam no universo escolar.
Atualmente, uma realidade da Educação Matemática em muitas escolas é o êxito de poucos e o fracasso de muitos. Em função disso, há um contingente de alunos reprovados ou excluídos em decorrência de seu fraco desempenho nesta disciplina. Como afirma D´Ambrósio (1999,p.68), “prevalece a concepção equivocada de que o ensino de uma disciplina deve estar subordinado a uma lógica interna da própria disciplina. Isso tem sido particularmente desastroso no caso da matemática.”